sábado, 19 de abril de 2014

O nosso aceite, é alegre ou rançoso?

Unção Sacramental... dom de Deus!
São as palavras do papa Francisco, proferidas na homilia da missa crisma desta quinta-feira santa: «Se não sais de ti mesmo, o óleo torna-se rançoso e a unção não pode ser fecunda. Sair de si mesmo requer despojar-se de si, comporta pobreza».
São palavras que chamaram a atenção da comunicação social. Não havia jornal que não tocasse o tema. Aliás, a sua homilia, mais que homilia é o seu jeito simples de partilhar a sua vida e fé, a sua espiritualidade. Como um perfume que se usa e não necessita de publicidade ou de muitas explicacções (clicando aqui pode lê-la). E, chama a atenção precisamente por isso mesmo. Não dá classe nem é aula dissertativa sobre um tema com palavras eruditas, ou domingueiras, ou muito floridas que ninguém entende, mas que soa bem. Ou, como dizia alguém depois de ouvir um sermão de quarta-feira de cinzas: o senhor abade falou bem, mas não entendi nada do que disse!
A sua linguagem é, ao contrário, terra a terra. O povo entende, e bem, entende mesmo bem demais as suas palabras. E não é só entender, guarda-as no coração! Por isso, ele sempre nos diz que temos de ser Povo de Deus... Imagino-o a caminhar e palmilhar as ruas de Buenos Aires, entrar nos seus becos, nos seus bairros e ver nos pés o pó da estrada, o pó da terra, que nos diz que somos peregrinos e que a Igreja é chamada a ir ao encontro, a fomentar a comunhão, a partir o pão, a não ficar bem instalada no pavimento da Igreja bem construida... 
Friso, apenas, as três ideias que ele pediu aos sacerdotes nunca as perderem de vista nem do coração no nosso dia e nos nossos múltiplos fazeres quotidianos: sentir a alegria que nos unge, alegria esta que não se corrompe e a alegria missionária da fé.
Penso que é fácil deducir que el deseja criar uma espiritualidade cristã baseada na alegria. Primeiro nos escreveu a "Alegria do Evangelho", constantemente nos diz que há que viver a fé com alegria, com autenticidade e entusiasmo e agora nos pede que sejamos portadores de alegria, pois, remata ele, a alegria tem três irmãs gemeas: pobreza, fidelidade e obediência!
Só assim se poderá viver "a alegria da Cruz, que dimana da certeza de possuir um tesouro incorruptível num vaso de barro que se vai desfazendo. Saibam estar bem em qualquer lugar, sentindo na fugacidade do tempo o sabor do eterno (Guardini). Sintam, Senhor, a alegria de passar a chama, a alegria de ver crescer os filhos dos filhos e de saudar, sorrindo e com mansidão, as promessas, naquela esperança que não desilude".

«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor. Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa». Jo 15,9-11

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