quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Dia 20 de Novembro - Día de la Revolución Mexicana

No passado 20 de Novembro, dia da Revolução Mexicana, fui convidado pelo Dr. Carlos, também ele de San António, a participar no desfile alegórico deste acontecimento histórico.
Na tarde, depois de uma cabalgada pelas montanhas do município de Tanjalás, descemos para o "Lienzo Charro" (espécie de Praça de Touros, própria do México, na qual se realiza este jogo tipicamente mexicano, como se pode ver nas fotos... não é rodeo, mas parecido!!!).
Depois foi servida a comida e, pelas duas horas da tarde, houve uma corrida de cintas e jaripeo. Não participei em nenhum deste jogos, mas foi interessante conhecer os desportes tradicionais mexicanos.


«Senhor, Tu examinaste-me e conheces-me,
sabes quando me sento e quando me levanto;
à distância conheces os meus pensamentos. Vês-me quando caminho e quando descanso; estás atento a todos os meus passos
». Sl 139,1-3

O passeio até ao Rancho "Los Naranjos"

- "Padre, temos que ir porque já se faz tarde e depois não conseguimos ver!"
- "Já estou quase pronto, Don Juan."
- "Então, Padre, vou levar umas tortillas, que lá não há nada para se meter à boca..."
- "Ok, Don Juan, daqui a meia horas saimos... O Vicente já vem com os cavalos e depois nos metemo-nos ao caminho. Está bem assim?"
- "Sim, Padre, venho já, então!"
Foi assim que no passado dia 12, fui visitar o rancho "Los Naranjos".
Este lugar dista de San António duas horas, caminhando, ou uma hora e um quarto se vai a cavalo, opção que tomei...
Este rancho foi, há alguns anos atrás, um importante centro económico para San António. Produzia-se queijo, doces variados, pão, bolos, etc... tinha um grande número de gado, assim como zonas de cultivo de café, de ananás, de mangas e laranjas (daí o seu nome, que em espanhol significa "As Laranjas").
Actualmente está totalmente abandonado... como tudo na vida, teve o seu inicio, o seu apogeu e o seu infeliz declínio...

«Nada há de melhor para o homem do que comer e beber e gozar o bem-estar, fruto do seu trabalho. Mas notei também que isto vem da mão de Deus.» Ecl. 2,24

Os padrinhos... o agradecimento...

No passado dia 11 de Novembro, na comunidade de Tocoy, cerca de 55 adolescentes viveram a sua primeira comunhão.
Às quarto da tarde, todos os membros desta comunidade reuniram-se no adro da igreja antiga. Organizou-se uma procissão e nos dirigimos para a actual igreja.
Foi muito consolador ver uma comunidade reunida, isto porque, Tocoy sendo uma das maiores comunidades da paroquia, é também a que mais divisão vive e provoca. Há muitíssimos conflitos humanos nesta comunidade. Mas neste dia, as zangas, os problemas e as divisões se esqueceram e viveu-se uma festa sem igual. Houve espaço para as danças tradicionais assim como para a música indígena...
Na primeira foto deste artigo, vemos os padrinhos a realizarem o gesto indígena de agradecimento aos pais por terem sido escolhidos para padrinhos. De joelhos, os padrinhos entregam o afilhado e agradecem o convite e a responsabilidade.
Na segunda foto, vemos os músicos tradicionais, todos com instrumentos feitos à mão e elaborados por eles.

«A Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho e anunciamo-vos a Vida eterna
que estava junto do Pai e que se manifestou a nós -
o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco. E nós estamos em comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.» 1Jo 1,2-3

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Memorial Espiritano

Na paroquia de San António, corria o ano de 1971, os espiritanos tinham menos de seis meses em terras mexicanas, quando no dia 30 de Outubro, o P. Patrício Townsend, natural da Irlanda, faleceu, vitimado por um fulminante ataque cardíaco.
Todos os anos neste dia, nós, os espiritanos, que trabalhamos neste país, reunimos-nos para celebrar em acção de graças esta dádiva de vida assim como para realizar um memorial de todos os missionários que deram a sua vida pela evangelização.
Na foto, vemos o memorial espiritano que se encontra na igreja paroquial de San António.

«É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai. Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá. É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.» Jo 15,12-17

Campo Santo - Novembro, um mês especial...

O mês de Novembro é super especial no México. Em meados de Outubro, vêem-se caveiras por todos os lados, nas montras, nos carros, nos postos de venda ambulante... elas decoram ruas, avenidas e cidades...
Há pastéis com forma de caveira, muitos tamales (que são uma espécie de rissóis com carne de frango, ou de porco, ou de verduras); há bolachas doces com o desenho de mortos...
Cada família, com muito esmero, prepara um altar de mortos, adornado de flores amarelas próprias desta época, no qual coloca uma ou outra imagem dos seus entes queridos já falecidos assim como uma ou duas imagens de santos.
No altar, são colocadas varias peças de comidas que são oferecidas, d
urante a primeira semana de Novembro, às famílias que as visitam. Nas escolas há concursos de altares com as suas respectivas oferendas de mortos, as câmaras municipais organizam exposições de altares... enfim, a morte é celebrada como vida... ou como me dizia um miúdo: "Padre, aqui no México a morte não nos assusta porque nos rimos de ela e até a comemos nas bolachas e pastéis!"
Os cemitérios são cuidadosamente limpos e asseados para a missa. Uma vez terminada a missa, na qual se lê ou melhor se proclama gloriosamente o nome dos falecidos, há um pequeno convívio, que é fruto da solidariedade cristã.

«
Disse-lhe Jesus: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?" Ela respondeu-lhe: "Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo".» Jo 10,25-27

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

No passado dia 13 de Outubro...

No passado dia 13 de Outubro, enquanto Portugal inteiro se alegrava com a inauguração da Basílica da Santíssima Trindade, na Igreja de San António, às cinco da tarde cerca de 150 jovens viviam a sua confirmação.
Foi uma celebração com um forte toque indígena com danças e cantos tenek. Festa do Espírito Santo!
Claro que houve uma menção aos acontecimentos de Fátima, e ainda que fisicamente nos separem 10000 km, a fé faz a comum união.

Dança do Veado... tradição dos Yaquis...

No encontro de Hermosillo, no primeiro dia, tivemos a agradável surpresa de ser recebido pelo presidente da câmara municipal. Católico praticante, felicitou-nos a todos os participantes pelo nosso trabalho evangélico nos meios de comunicação e, depois da santa missa, nos ofereceu um jantar de boas-vindas no jardim municipal.
Durante este repasto, houve espaço para actuação de músicos locais e um agrupamento de cultura que nos regalou a Dança do Veado. Eh, atenção, claro que não é um brasileirismo... no estado de Sonora, a capital deste imenso estado, cuja extensão territorial é ocupado pelo grande deserto do Arizona, há uma dança cultual, própria do tempo de funeral...
Passados 40 dias após a sepultura do defunto, há a tradição da família deste chamar os dançantes para através de esta dança lhe darem o descanso merecido à alma do seu ente querido.São três dançantes: um disfarçados de veado, e dois mais ambos usando vestes de caçadores... nos últimos momentos de esta dança, um dos dançantes, deixa a sua roupa de caçador e assume a personalidade de cão, o qual irá perseguir o veado, matando-o... com a morte do veado, animal que personifica o sujeito falecido, a alma deste entra finalmente no paraíso, depois de durante 40 dias ter vagueado pelo deserto, num processo de purificação para a vida eterna...
É um bonita e harmónica dança com uma música cheia de melodia... ir a Sonora e não assistir à "Dança do Veado" é como ir a Roma...