segunda-feira, 28 de abril de 2008

Feria Nacional de la Huasteca - 2008

Desde o dia 7 até ao dia 16 de Março, na Ciudad Valles, realizou-se a Feira Nacional da Huasteca Potosina. Em poucas palavras foi a "queima das fitas à mexicana" em plena Semana Santa...
Claro que os organizadores dizem que isto, ou seja, esta é semana com tradição que passa de geração em geração, é um tempo de diversão... Houve um arquitecto que me disse: "Padre, o doze de Dezembro (festa da Virgem de Guadalupe) é devoção, Natal e Páscoa é diversão!" Fiquei pálido!!!
Do meu ponto de vista é incompatível, celebrar a Páscoa como deve ser e ao mesmo tempo andar na "Quema". Imaginem-se isto: às três da tarde da sexta-feira santa, celebramos a Via Sacra e à noite vamos dançar e tomar uns copos ao som de Quim Barreiros!... Para os jovens e não só, como catequistas e outra gente muito santa, não há problema, é perfeitamente normal... a mim, isto causa-me figadeira aguda!!! Perdão, foi um desabafo... (esta é a cruz do missionário...)
No entanto, como dizia eu, fui com o Pe. Suavek ver a tal Feria. O presidente do Patronato deste evento tinha prometido mais tempo e espaço à cultura... por isso, fomos no sábado, véspera do domingo de Ramos ver esta feira, pois caso contrario não teríamos outra oportunidade.
Gostei do que vi: o espectáculo Jarocho (www.jarocho.net), que é um
River Dance mexicano. Foram duas horas de encher os olhos com este show de dança moderna mexicana, que manifesta a beleza e exuberância do estado de Veracruz.

«
Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos. Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da pureza e da verdade». 1Cor 5,7-8

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Encontro de Espiritanos em Tanlajás

Há 32 anos, mais precisamente no dia 06 de Março de 1976, o Pe. Frank Kichach chegava à Huasteca para aqui desenvolver um largo ministério (imaginem que quando ele chegou à huasteca eu tinha dois meses e alguns dias de idade!...). No entanto, como todas as coisas na vida, e tudo o que é bom, sempre tem um fim, o Pe. Frank despedir-se-á da huasteca no próximo mês de Junho, regressando para o seu pais natal: USA. Foram trinta e dois anos ao serviço da Igreja de Ciudad Valles e de testemunho missionário. Sempre com um sorriso e uma palavra amiga. "Muchas Gracias, Padrecito!"
Mas se uns vão, outros chegam... Na semana de Pascoela, o grupo espiritano viu-se mais enriquecido com a chegada do Pe. Osvaldo, porto-riquenho, que irá colaborar na formação dos futuros espiritanos deste país. Bem-vindo, Pe. Osvaldo!
Todos os anos, na semana de Pascoela, todos os espiritanos que trabalham neste país reunem-se no Centro de Desarrollo Espiritano (CED) para a sua semana anual de reflexão. Este ano abordámos um ponto importante: o primeiro Capítulo Espiritano que se celebrará no próximo ano de 2009. Claro que tivemos um 'muy' bonito momento de festivo de agradecimento ao Pe. Frank por tantos anos de vida missionária no México assim como de bem-vinda ao Pe. Osvaldo. E assim é a vida por estes lados, ou no dizer do senhor Joaquim de Fonte Boa, "vão os velhos, ficam os novos"... claro ele falava dos sapatos!!!

«Dêem graças ao Senhor, pelo seu amor e pelas suas maravilhas em favor dos homens. Ofereçam sacrifícios de acção de graças e anunciem as suas obras com alegria». Sl 107 21-22

Vigilia de Páscua - baptismo de 6 jovens... Noite de Vida Nova...

Foram seis jovens que iniciaram em Janeiro o curso preparatório para a Iniciação Cristã, tinham idades compreendidas entre os 17 e os 22 anos e dois deles já estavam casados pelo civil. Isto é, já viviam como casal, há mais de cinco anos juntos e queriam formalizar o seu compromisso matrimonial. Uma da esposas não era baptizada, não podendo o casal receber o sacramento do matrimónio. Então como é lógico, tinha que ser iniciados à vida cristã. Através do Sr. Alberto, catequista de El Progreso, Glafira veio explicar o seu caso e pedir informações para poder ser baptizada.
A ela, juntaram-se mais cinco jovens. Todos eles provinham de famílias ditas cristãs... porque nenhuma delas se preocupou em dar a devida educação cristã aos seus filhos... "É que quero, Padre, que seja o meu filho a escolher a religião que vai seguir!..." A realidade diz-nos que nem escolhem nem seguem... infelizmente, o problema começa com a pouca participação da vida de Igreja dos pais, e como, de pequenino é que se torce o pepino, depois já não torce, parte!... Enfim, isto é o que acontece para estes lados, infelizmente... e resultado da cultura mexicana e da educação familiar...
Na Vigília da Páscoa, estes seis jovens foram baptizados, numa celebração muito emotiva para os seus familiares e padrinhos. Foi uma celebração pouco demorada, três horas e media, mas que continha uma imensa vida festiva.
As pessoas de San Antonio já estão habituadas a estas celebrações, devido ao programa catequético desenvolvido a partir do Pe. Paco (sacerdote espiritano francês). Há sempre pessoas que vêm de fora só para ver este jovens ou adultos a serem baptizados, porque nunca tinham visto tal coisa... No fim desta celebração, ouvi o comentário de uma senhora que pertence à parroquia vizinha a dizer à sua comadre, que a acompanhava, que realmente era verdade isto de baptizar pessoas já crescidas. Tinham-lhe comentado e não acreditava... Era uma "Tomasa"!!!

«Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova. De facto, se estamos integrados nele por uma morte idêntica à sua, também o estaremos pela sua ressurreição». Rom. 6,4-5

Sexta-feira: Via sacra e a Procissão do Silêncio...

Na tarde da sexta-feira santa, o ponto de encontro foi a capela do Rancho Ladrillera... o calor estava no seu auge, eram mais ou menos as três horas quando demos início à celebração do Via Sacra e também à da Adoração da Cruz... Uma vez que a Via Sacra era a liturgia da palavra da adoração da cruz, primeiro escutámos as leituras próprias deste dia, e em vez do evangelho, iniciámos a via sacra, partindo rumo à Igreja Paroquial.
Éramos um povo que caminha, que vive a sua fé... Havia gente de todas as comunidades que compõem San Antonio, todos os catequistas, os diversos grupos juvenis, novos e velhos, de todas as condições sociais, unidos pela fé e o amor ao Cristo sofredor!
O grupo de Jovens preparou a Via Sacra, ajudados pelo Comité da Antorcha Guadalupana que os auxiliou com os meios técnicos: o carro de som, a protecção policial, entre outros... Foram três horas de caminho, de oração, de dor e alegria, de comunhão eclesial... Durante três meses, os 30 jovens, orientados pelo Bernabé Cabrera, ensaiaram a Via Sacra e confeccionaram as roupas e adereços próprios para esta representação religiosa.
Chegados à Igreja Paroquial, tivemos a encenação da crucificação de Cristo, a oração das suas ultimas sete palavras (mexicanos gostam de uma celebração bem emotiva, com gestos dramáticos, como bons latinos que são, o coração comanda-lhes a vida...) e a Adoração da Cruz... Após este momento, houve a comunhão eucarística.
Terminando em silêncio, a Adoração da Cruz, Liturgia de Sexta-feira Santa, os paroquianos de San Antonio fizeram, como é habitual, a sua adoração pessoal ao Senhor Jesus... isto é, cada um na sua vez, foram adorar a Cristo no seu ataúde, deixando-lhe flores e uma vela acesa em sinal de fé e amor.
Ao cair da noite, realizou-se a tradicional Procissão do Silêncio: pela porta principal da Igreja, saíram à frente os homens, transportando o ataúde de Jesus, do Cristo sofredor, bem ao estilo desta cultura mexicana.
Atrás deste cortejo masculino, saíram as mulheres por uma porta lateral da Igreja, fazendo um percurso alternativo ao dos homens pelas ruas de San Antonio. Elas transportaram a imagem da Virgem Dolorosa.
Esta procissão realiza-se no mais completo silêncio: não há introdução, não há cantos, não há palavras... onde fala o coração, sobram as palavras...
Na praça central, encontraram-se os dois cortejos, e iniciaram a subida de regresso à Igreja Paroquial. Sem dúvida, iam os homens à frente e as mulheres atrás... não podia ser de outra maneira... senão não estaríamos no México!!! No entanto, esta reflecte a profunda devoção mexicana popular a Cristo sofredor, ao Ecce Homo do sofrimento, que assumiu as nossas culpas... Oh feliz culpa, como bem disse Santo Agostinho.

«Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. Ele salvou-nos e chamou-nos, por santo chamamento, não em atenção às nossas obras, mas segundo o seu próprio desígnio e a graça a nós concedida em Cristo Jesus, antes dos séculos eternos, e agora revelada na manifestação do nosso Salvador, Cristo Jesus, que destruiu a morte e irradiou vida e imortalidade, por meio do Evangelho, do qual eu próprio fui constituído arauto, apóstolo e mestre». 2Tim. 1, 8-11

Quinta-feira Santa...

Nesta quinta-feira, na comunidade Lejem, que se situa a uns 5 km de San Antonio, o P. Suavek presidiu à Santa Missa da Instituição da Eucaristia.
Como é tradição tenek, em vez do ritaul do lava-pés, fez-se lava-mãos dos doze apóstolos. Nesta cultura, o gesto de lavar as mãos é muito importante. Realiza-se em sinal de respeito, de aproximação e de manifestação da vontade em servir a comunidade e de trabalhar pelo bem comum. Este rito tenek é realizado da seguinte maneira: a autoridade da comunidade toma as mãos da pessoa escolhida (neste caso, o padre toma as mãos dos apóstolos designados), lava as mãos e a boca de cada um de eles. Depois disto, coloca-se a cada um deles uma coroa feita com "limonaria" (espécie de cedro) em sinal de aceitação e compromisso com a comunidade.
Assim se vive a fé por estes lados...

«Depois de lhes ter lavado os pés e de ter posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes:
"Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me 'o Mestre' e 'o Senhor', e dizeis bem, porque o sou. Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também. Em verdade, em verdade vos digo, não é o servo mais do que o seu Senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia. Uma vez que sabeis isto, sereis felizes se o puserdes em prática"». Jo. 13,12-17