terça-feira, 15 de maio de 2012

Gracias a Diosito... Uma experiência com sabor latino...

Este sábado 12 de Maio, houve vários jogos de futebol na televisão mexicana. A 2ª Divisão teve a sua final, jogo que assisti pela televisão. Houve também dois partidos que definiram as equipas finalistas do torneio maior do futebol mexicano.
Não irei fazer uma crónica desportiva. Até porque o clube, pelo qual às vezes me como as unhas, não joga para estas bandas. No entanto, chamou-me atenção este caso tipicamente latino, e sinto que é muito 'raro' que suceda no nosso Portugal, nem na Europa...
Refiro-me às evocações de Deus por parte dos futebolistas, no momento das vitorias ou sucessos desportivos. Noto que qualquer jogador após uma vitória, na entrevista que se lhe segue, quase sempre  faz duas o três invocações a Deus: "Graças a Deus", "Dedico a Deus esta vitória, à minha família, etc...", "Em primeiro lugar, dou as graças a Deus"; ou esta tipicamente mexicana: "Diosito me ayudó = 'Deuzinho' ajudou-me".
Estas ou frases muito parecidas a estas são ouvidas, no geral, no fim de cada partido de futebol. Não há jogador que escape a 'esta lei'. Chama-me a atenção este 'curioso' fenómeno.
Não vou explorar aqui qual é o credo dos jogadores, se são ou não todos eles católicos, ou batizados. Se todos eles vão ou não à Missa cada domingo. Não quero entrar por este caminho.
O que me interessa realçar com este tema é o sentido religioso do povo mexicana, e numa maneira geral dos latino-americanos. Isto é, depois de quase 10 anos de vida no México, noto um grande sentido de Deus na vida das pessoas. É um fato transcendente a presença de Deus em todos os aspetos da vida.
Mircea Eliade, com a sua noção de fenómeno religioso, dizia que um grande sentido do sagrado e do religioso vive na alma de um povo, que a humanidade tem em si este ADN religioso. E isto não é proporcional à frequência nas celebrações dominicais ou na participação da vida paroquial.
No entanto, tenho experimentado que o assunto de "Deus" tem um lugar predominante na vida das pessoas latino-americanas. Tudo gira em função de Deus. Deus é a plataforma, na qual a vida e a sua teia de relações se estabelecem. se nutrem e fortalecem. E quando falo deste assunto não é para só relacionar-lo com os jogadores de futebol, também incluo os políticos, os professores, os médicos, ou outras profissões liberais.
E o mais engraçado é que notar que, às vezes, os mesmos que se dizem ateus ou agnósticos, nas suas reuniões familiares ou nas suas casas e quintas sempre têm um lugar para uma capela ou para um grande nicho ao qual chamam Igreja! E, nas suas redes de amigos e conhecidos de longa data, sempre há um sacerdote,  ou bispo, ao qual recorrem nas dificuldades ou problemas.
Javier "Chicharito", actual jogador do MUFC, aqui com a
camisola das Chivas de Guadalajara, o seu 1ª equipa,
no gesto habitual de agradecer a Deus pelo golo marc
Por isso, concluo que Deus, neste lado do atlântico, está muito presente. Esta se experimenta no quotidiano da vida e, por vezes, no lugar ou no momento menos previsível.

«Que ação de graças poderemos nós dar a Deus por toda a alegria que gozamos, devido a vós, diante do nosso Deus? Nós que, noite e dia, insistentemente, pedimos para rever o vosso rosto e completar o que falta à vossa fé?» 1Tes 3,9-10

«De pé, no meio do Areópago, Paulo disse, então: "Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens. Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: 'Ao Deus desconhecido'. Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer é esse que eu vos anuncio. O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem, nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa, Ele, que a todos dá a vida, a respiração e tudo mais. Fez, a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação, a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tateando, embora não se encontre longe de cada um de nós. É nele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos, como também o disseram alguns dos vossos poetas: 'Pois nós somos também da sua estirpe'. Se nós somos da raça de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e engenho do homem. Sem ter em conta estes tempos de ignorância, Deus faz saber, agora, a todos os homens e em toda a parte, que todos têm de se arrepender, pois fixou um dia em que julgará o universo com justiça, por intermédio de um Homem, que designou, oferecendo a todos um motivo de crédito, com o facto de o ter ressuscitado de entre os mortos".» Act 17,22-31

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