quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sexta-feira: Via sacra e a Procissão do Silêncio...

Na tarde da sexta-feira santa, o ponto de encontro foi a capela do Rancho Ladrillera... o calor estava no seu auge, eram mais ou menos as três horas quando demos início à celebração do Via Sacra e também à da Adoração da Cruz... Uma vez que a Via Sacra era a liturgia da palavra da adoração da cruz, primeiro escutámos as leituras próprias deste dia, e em vez do evangelho, iniciámos a via sacra, partindo rumo à Igreja Paroquial.
Éramos um povo que caminha, que vive a sua fé... Havia gente de todas as comunidades que compõem San Antonio, todos os catequistas, os diversos grupos juvenis, novos e velhos, de todas as condições sociais, unidos pela fé e o amor ao Cristo sofredor!
O grupo de Jovens preparou a Via Sacra, ajudados pelo Comité da Antorcha Guadalupana que os auxiliou com os meios técnicos: o carro de som, a protecção policial, entre outros... Foram três horas de caminho, de oração, de dor e alegria, de comunhão eclesial... Durante três meses, os 30 jovens, orientados pelo Bernabé Cabrera, ensaiaram a Via Sacra e confeccionaram as roupas e adereços próprios para esta representação religiosa.
Chegados à Igreja Paroquial, tivemos a encenação da crucificação de Cristo, a oração das suas ultimas sete palavras (mexicanos gostam de uma celebração bem emotiva, com gestos dramáticos, como bons latinos que são, o coração comanda-lhes a vida...) e a Adoração da Cruz... Após este momento, houve a comunhão eucarística.
Terminando em silêncio, a Adoração da Cruz, Liturgia de Sexta-feira Santa, os paroquianos de San Antonio fizeram, como é habitual, a sua adoração pessoal ao Senhor Jesus... isto é, cada um na sua vez, foram adorar a Cristo no seu ataúde, deixando-lhe flores e uma vela acesa em sinal de fé e amor.
Ao cair da noite, realizou-se a tradicional Procissão do Silêncio: pela porta principal da Igreja, saíram à frente os homens, transportando o ataúde de Jesus, do Cristo sofredor, bem ao estilo desta cultura mexicana.
Atrás deste cortejo masculino, saíram as mulheres por uma porta lateral da Igreja, fazendo um percurso alternativo ao dos homens pelas ruas de San Antonio. Elas transportaram a imagem da Virgem Dolorosa.
Esta procissão realiza-se no mais completo silêncio: não há introdução, não há cantos, não há palavras... onde fala o coração, sobram as palavras...
Na praça central, encontraram-se os dois cortejos, e iniciaram a subida de regresso à Igreja Paroquial. Sem dúvida, iam os homens à frente e as mulheres atrás... não podia ser de outra maneira... senão não estaríamos no México!!! No entanto, esta reflecte a profunda devoção mexicana popular a Cristo sofredor, ao Ecce Homo do sofrimento, que assumiu as nossas culpas... Oh feliz culpa, como bem disse Santo Agostinho.

«Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. Ele salvou-nos e chamou-nos, por santo chamamento, não em atenção às nossas obras, mas segundo o seu próprio desígnio e a graça a nós concedida em Cristo Jesus, antes dos séculos eternos, e agora revelada na manifestação do nosso Salvador, Cristo Jesus, que destruiu a morte e irradiou vida e imortalidade, por meio do Evangelho, do qual eu próprio fui constituído arauto, apóstolo e mestre». 2Tim. 1, 8-11

1 comentário:

  1. Olá
    Ainda não tive oportunidade de deixar o meu comentário neste blog, porque quase não o visito... LOLOL
    Mas desde já deixo os meus parabéns pelo trabalho feito em terras mexicanas... É muito interessante ver como se vive a nossa religião do outro lado do oceano.
    Parabéns e espero que continue a este trabalho precioso.

    Um abraço

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