sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O hábito não faz o monge... mas ajuda ou "não-ajuda"...

Diz o dito que não é o hábito que faz o monge, mas monge sem hábito também não é bonito de ver. Vem isto a propósito de de um episódio caricato que aconteceu no voo México-Miami.
Como em todos os voos, momentos antes do avião levantar voo, é normal as hospedeiras fazem as recomendações de segurança e passarem uma ou duas vezes para certificarem-se que todas as normas são cumpridas e que todos os passageiros estão em segurança.
No assento que estava atrás do meu, sentou-se um padre vestido no seu hábito de clero diocesano, isto é, calças e camisa negras com colarinho branco. Não sei se era mexicano ou de outra nacionalidade.
Ao momento da verificação de segurança, efetuada por uma das hospedeiras, esta aproxima-se ao meu vizinho de trás e diz-lhe num tom amável se ele podia apagar completamente o seu dispositivo móvel uma vez que íamos levantar voo. Ele respondeu que sim e, com toda a calma, continuou teclando o seu telemóvel inteligente.
Perante isto, a hospedeira volta a pedir-lhe desligar completamente o aparelho, ao que ele responde dizendo que já quase termina. Ao ouvir isto, a hospedeira volta a dizer-lhe que tem que apagar o seu telemóvel, uma vez que ao estar aceso este interfere com o normal funcionamento dos dispositivos de navegação do avião. Este meu parceiro do assento de trás ao ouvir isto dá-lhe um argumento 'sui generis': "Já estou a terminar um carta de direção espiritual. Já vou a desligar-lo. Tenha calma".
Como é normal e compreensível, a hospedeira foi aos arames e diz-lhe: "Nunca pensei que alguém como você não entendesse o que lhe digo. Sempre pensei que os sacerdotes dariam o exemplo". Quando ouvi estas palavras, quase tive a tentação de levantar-me e dizer-lhes: "Minha senhora, sou sacerdote também. Não julgo o todo pela parte. Felizmente, o hábito nunca não fez o monge, mas, com o hábito, o monge deve dar o exemplo!"
Não as disse, em voz alta, mas, quando foi o momento de ser servido o pequeno snack, aproveitei a oportunidade para dizer à hospedeira que era sacerdote e que, na minha opinião, era uma pena e que me dava vergonha o comportamento desse meu parceiro de altar. Usar o hábito e ter destas atitudes é mesmo lamentável.
E a hospedeira, num tom de confissão, disse-me que rezava as orações aprendidas de memórias antes da primeira comunhão, mas que tinha dificuldades de vida de Igreja por este e outros exemplos, não tão exemplares! Infelizmente... e como dizia o Fernando Pessa: "E, esta hem?"

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