sábado, 6 de setembro de 2014

Equação cristã: Ligo ou desligo vidas, pessoas?

Tudo o que ligardes..., e tudo o que desligardes...
Olhando o Jesus crucificado, o evangelista exclama "Deus é Amor" e conhecemos o testamento de Jesus: "amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 15, 12-13). Não há dúvida de que as palavras, vida e morte de Jesus mostram a capacidade do amor humano que o faz divino. Sendo a Ressurreição, a explosão do amor de Deus em correspondência ao amor de seu Filho. Por isso, a proposta que Jesus nos deixa, seu evangelho, é uma escola de amor em que encontramos as dicas, as orientações para viver amando até o extremo, para construir relações fraternas e uma sociedade justa.
Além de nos mostrar o caminho para construir um mundo diferente, Jesus nos assegura Sua presença, as últimas palavras do evangelho de hoje o mostram claramente: "Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles".
O tema da "escola do amor" deste evangelho é a responsabilidade uns pelos outros(as), por isso é necessária a correção fraterna: "Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois". O ditado popular promove o contrário: "cada um por si, Deus por todos", ou seja, não devo preocupar-me com o que acontece a meu irmão(ã). Ele ou ela que se "vire"! Quantas coisas vemos diariamente ao nosso redor, na nossa família, lugar de trabalho, estudo, em meu grupo de amigos(as) que está errado! Quantas vezes somos testemunhas de atitudes ou posicionamentos equivocados de pessoas próximas! E o que fazemos?
O mais rápido e fácil seria emitir juízos condenatórios sobre essa pessoa e ficar calado(a) diante da situação. Ou, para piorar, além da condenação, inicia-se uma corrente de "fofoca": "viu o que essa pessoa fez”, "que horror e não é a primeira vez” e assim vai. A proposta de Jesus é totalmente contrária. Ser responsável por meu irmão(ã), me compromete a ajudá-lo(a) no momento em que ele(a) fraqueja, erra. Não para condená-lo(a) e menos ainda para falar sobre seus erros a outras pessoas. Convida-nos a ter uma atitude ativa e ir em sua busca para lhe mostrar amigavelmente onde errou e ajudá-lo(a) a mudar.
Pode ser que nosso(a) amigo(a) não quer reconhecer seu erro ou mudar de conduta, então a reação natural que pode surgir é abandoná-lo(a) a seu destino, não quis nos escutar, já nada podemos fazer. E, aqui, novamente Jesus educa nosso amor. Não é para desistir de ninguém, toda pessoa merece outra oportunidade. Ele quer que nosso amor seja paciente, por isso que tenha a capacidade criativa de buscar outros caminhos para a salvação de nosso irmão(ã).
Este ministério de salvação, de reconciliação Jesus o confere à comunidade eclesial, toda ela é responsável de fazer o que for preciso para encaminhar as pessoas no caminho certo. Sempre vivendo e exercendo o mandamento do amor.
Só sendo servidora, como seu Mestre e Esposo, a Igreja será instrumento de reconciliação e comunhão, para o qual é "em-poderado" (o que tem o poder): "Eu lhes garanto: tudo o que vocês ligarem na terra, será ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra, será desligado no céu".
Por isso mesmo, causa tanta dor quando vemos que, como comunidade eclesial, não vivemos nossa vocação de serviço, pelo qual em lugar de amar, condenamos, excluímos, dividimos, e colocamos mais fardos no povo de Deus.
Daí, a necessidade que temos de nos ajudar para viver com maior coerência nossa vocação eclesial de serviço, e assim nossa comunhão fará presente Jesus entre nós. E podemos terminar com as palavras de Jean-Yves Leloup: "Amar... apesar de tudo! Amar... apesar do medo, da ansiedade, da angústia, da incerteza. Amar... apesar do passado, do futuro... apesar do presente. Amar... apesar dos impasses, das dificuldades, dos problemas. Amar... apesar das impossibilidades. Amar... apesar do mal, da destruição, da ameaça, do coração de pedra. Amar... apesar da separação, da indefinição. Amar... apesar da sombra. Amar... apesar do outro. Amar... apesar de mim. Amar... apesar de Deus. Amar...
Hoje, mais do que nunca, amar.
Amar... a porta que dá acesso ao jardim..."

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