segunda-feira, 21 de julho de 2008

Comunidade do Cuiche e Don Mário Moreno...

Na passada terça-feira, visitei a comunidade de "El Cuiche", que fica a uns vinte quilómetros de distância de Cd. Valles. Isto é, saí da paroquia de El Pujal, passei por Cd. Valles (que dista uns cinco km de El Pujal) e depois apanhei o caminho para esta comunidade de nome El Cuiche (significa tamale de milho... para os que não sabem, tamales é uma espécie de rissol de carne, ou de verdura, ou de doce).
Esta comunidade é composta pelas famílias que inicialmente trabalhavam no Rancho "El Detalle", propriedade do falecido Don Mário Moreno. Penso que todos sabemos quem ele é, ou era, uma vez que já faleceu... Mas, posso ajudar!!! Certamente, que se lembram do famoso e célebre filme mexicano "El Padrecito", ou dos famosos ditos e filmes de Cantinflas...
Bem, para mais informação podem ir a www.wikipedia.es (claro em espanhol!!! Lol...), e verão quem era este personagem... ou talvez melhor, recordarão os seus filmes, dos seus ditos, do seu estilo inconfundível. Como por exemplo, a sua famosa frase dita nas Nações Unidas no filme "Sua Excelência": «Jesus disse: 'amem-se uns aos outros', mas vocês mudaram para 'armem-se uns aos outros'». Sem dúvida, está bem actualmente e com muito estilo e picardia!!!
Convido a ver este vídeo, basta clicar neste link: http://www.youtube.com/watch?v=mwah9BYsyUY (ou esta outra cena muita famosa do mesmo filme: http://www.youtube.com/watch?v=6MXDU0bXQSY).
O interessante deste rancho "El Detalle", ao contrario de muitos outros, está na forma como foi criado, administrado e herdado. Foi criado por Don Mário, com a fortuna que fez ao largo da sua vida artística. Foi administrado em favor dos seus trabalhadores e, com os seus lucros, criaram-se inúmeros lares estudantis para jovens sem recursos e casa de órfãos, visando sempre dar pão e educação a quem o destino parecia negar. Inúmeras pessoas formaram-se integralmente devido à solidariedade de "Cantinflas". À sua morte, os seus trabalhadores do Rancho foram os herdeiros directos do mesmo. Uma conta bancária criou-se para continuar a dar pão e educação aos lares e casas de orfãos... Na verdade, o génio artístico aliado a um coração humano 'de diamante' idealizaram um projecto digno de admiração e que, sem margem para dúvidas, é soberbo!

«Acima de tudo, mantende entre vós uma intensa caridade, porque o amor cobre a multidão dos pecados. Exercei a hospitalidade uns com os outros, sem queixas. Como bons administradores das várias graças de Deus, cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu.» 1Ped 4,8-10

sábado, 19 de julho de 2008

K'ak'námal yán! - Muito obrigado a todos! - Muchas gracias a todos ustedes!

Na cultura teneek, quando alguém quer agradecer um favor, ou dar uma mostra da sua gratidão, como por exemplo, quando os pais de um miúdo que foi baptizado querem agradecer aos compadres pela disponibilidade que manifestaram em aceitar ser padrinhos, o costume e a tradição teneek mandam que os pais ofereçam um "bolín" (espécie de bola de carne, tão típica como a de trás-os-montes), refrigerantes, pão doce e café aos padrinhos, na casa destes. Na casa da família que recebe a oferta, faz-se um altar, adornado com um ou dois arcos e flores, sendo colocados os presentes da oferta neste altar.
Depois de uma pequena oração, realiza-se a bênção das oferendas e há um pequeno ou grande convívio, conforme cada caso... Assim, se estreitam laços de amizade, de parentesco e compadrio (ser compadre é algo único e especial no México), assim como se manifestam os sentimentos de gratidão.
A todos vocês que, de imediato, partilharam, uniram-se em oração ou escreveram palavras de ânimo e esperança, gostaria de oferecer-lhes uma altar de gratidão segundo este belíssimo costume teneek. Em nome de todos os afectados pelas inundações do passado mês de Julho, desde o fundo do meu coração, quero agradecer-lhes por tanta generosidade, amizade e caridade cristãs. Muito obrigado! Muchas gracias! Ou, como diz o povo teneek: “K'ak'námal yán!”

«Antes de mais, dou graças ao meu Deus por todos vós, por meio de Jesus Cristo, pois a vossa fé é proclamada em todo o mundo. Pois Deus - a quem presto culto no meu espírito, anunciando o Evangelho do seu Filho - me é testemunha de como constantemente me lembro de vós, pedindo sempre nas minhas orações que tenha, finalmente, ocasião de ir ter convosco; assim Deus o queira». Rom 1,8-10

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Desastre na Huasteca... Pedido de Auxílio



Na madrugada do passado dia 8 de Julho caiu uma tempestade tropical sobre Ciudad Valles.
Bairros inteiros ficaram submersos. Muitas pessoas perderam os seus haveres. As casas construídas com muito suor, lágrimas e muito sacrifício, foram "deslavadas" em poucos minutos sem aviso. Durante 24 horas, não houve telefone, electricidade, água potável, comunicação nula e caminhos cortados. A Ciudad Valles esteve fora do nosso mundo. Isto ficou gravado na retina dos que presenciaram, estupefactos e sem poder fazer nada, esta desgraça.
Passada a tempestade tropical, atípica, vem o drama humana e social: famílias que perderam os seus haveres, negócios que, literalmente, foram pela "água abaixo", dez pessoas falecidas, nas quais se encontra uma família inteira, estando a mãe grávida de seis meses; há ruas que deixaram de existir, ainda que os mapas digam que existem... enfim, um verdadeiro drama humano, em toda a sua extensão..
Partilho convosco uma história dramática vivida na primeira pessoa. Que talvez expresse melhor esta imensa tragédia do que as minhas palavras:
«Francisca (nome fictício) tem 32 anos. Com muito sacrifício, tirou a licenciatura de Educadora Infantil, enquanto ia trabalhando aqui e acolá... aos 28 anos, com o seu canudo na mão, calcorreou Valles, de fio a pavio, em busca de um emprego corente com o seu curso. Depois de três anos de trabalho temporário, sendo pau para toda a colher, conseguiu um lugar no sistema estatal de educação inicial. Era um sonho. Mas foi sol de pouca dura... ao fim de três anos, foi enviada para o fundo de desemprego mexicano (uma versão "mais dura do nosso luxo lusitano": isto é, vais para a rua sem direito a nada, e não protestes, perdes tempo e azeite. Infelizmente, assim é a política social neste país), porque não tinha filiação partidária.
Conhecia-a. Depois de alguns meses, encontrei-a a trabalhar numa loja de artigos religiosos. Isto porque a proprietária teve compaixão e empregou-a. "Tenho que lutar e não perder a esperança, Padre". Assim me desabafou. Estava poupando cada centavo ganho para construir um mini-jardim infantil (o que sempre sonhou ter e, assim, realizar-se profissionalmente!). Na passada quarta-feira, triste dia da tempestade tropical atípica, Delia ficou sem nada de nada... a sua casa foi totalmente "lavada" pelas águas negras que a inundaram. O pouco que tinha foi com a água...
Via-a no sábado. Cumprimentou-me, desejou-me um feliz aniversário, mas notei que no seu canto do olho uma lágrima teimava em cair...
Por fim, como quem já sabia a resposta, mas que queria ouvir na primeira pessoa, perguntei-lhe: "Como estás, Francisca?"
"Viva, Padre." - respondeu-me - "Nem sabe como tenho agradecido a Deus por estar viva, Padre!", continuou.
De imediato, senti no estômago um murro: Na verdade, os pobres evangelizam-nos...»
Casos como estes há muitos. Resta-me acrescentar que Francisca é catequista na sua paroquia. Vive a sua fé com amor e alegria.
Talvez seja este o segredo da sua esperança. Eu penso que sim...

Venho por este meio pedir a todos vocês, meus amigos, que se querem ajudar todos os danificados desta tormenta, que poderão enviar o seu donativo para:
Nome do Banco: Banco Espírito Santo
Número de Conta: 6024 3674 0006 NIB: 0007 0602 00436740006 30
IBAN: PT50 0007 0602 0043 6740 0063 0
Em nome de todos os afectados, de antemão, lhes agradeço. Que Deus lhes multiplique em paz, saúde e amor.
«Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros. Pois quem ama o próximo cumpre plenamente a lei. De facto: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, bem como qualquer outro mandamento, estão resumidos numa só frase: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. Assim, é no amor que está o pleno cumprimento da lei». Rm 13,8-10

terça-feira, 1 de julho de 2008

Paroquia de Nossa Senhora de Guadalupe... três meses diferentes...

Desde o dia 30 de Junho até ao 30 de Setembro, estarei na paroquia de El Pujal, dedicada à Virgem de Guadalupe, "la Madre de Tepeyac".
P. Juan Agberagba, nigeriano, se foi de férias ao seu país, por isso estarei aqui substituindo-o...
Antes de rumar à sua terra natal, o Pe. Juan acompanhou-me a diversas comunidades para que eu conhecesse um pouquinho a realidade da paroquia e ao mesmo tempo contactara com os catequistas, ministros da comunhão, coordenadores e com as demais pessoas.
A primeira comunidade que conheci foi a de "López Mateos". Esta situa-se a meia hora de carro da Igreja paroquial e na épocas das chuvas fica com o acesso cortado. A sua capela está dedicada a Santa Teresinha do Menino Jesus como se pode observar na foto.
É uma comunidade viva, pequena com cerca de 50 familias, mas muita animada e com uma capela de bom gosto, isto, limpa, fresca e bem pintada... Teresinha do Menino Jesus não merece menos...

«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor». Jo 15,9-10